sábado, 23 de fevereiro de 2008

Aprenda a chamar a polícia:

Eu tenho o sono muito leve e, numa destas noites, notei que havia alguém andando sorrateiramente no quintal de casa. Levantei em silêncio e fiquei acompanhando os leves ruídos que vinham lá de fora, até ver uma silhueta passando pela janela do banheiro. Como minha casa era muito segura, com grades na janela e trancas internas nas portas, não fiquei muito preocupado, mas era claro que eu não ia deixar um ladrão ali, espiando tranquilamente.

Liguei baixinho pra polícia, informei a situação e o meu endereço. Perguntaram-me se o ladrão estava armado ou se já estava no interior da casa. Esclareci que não e disseram-me que não havia nenhuma viatura por perto pra ajudar, mas que iriam mandar alguém assim que possível.

Um minuto depois liguei de novo e disse com a voz calma: "Oi, eu liguei há pouco porque tinha alguém no meu quintal. Não precisa mais ter pressa, eu já matei o ladrão com um tiro de escopeta calibre 12, que tenho guardado em casa para estas situações. O tiro fez um estrago danado na cara do cara."

Passado menos de três minutos, estavam na minha rua cinco carros da polícia, um helicóptero, uma unidade de resgate, uma equipe de tv e uma turma dos direitos humanos, que não perderiam isso por nada neste mundo.

Eles prenderam o ladrão em flagrante, que ficava olhando tudo com cara de assombrado. Talvez ele estivesse pensando que aquela era a casa do Comandante da Polícia.

No meio do tumulto, um tenente se aproximou de mim e disse: "Pensei que tivesse dito que tinha matado o ladrão". Eu respondi: "Pensei que tivesse dito que não havia ninguém disponível."
(Autor: Luis Fernando Veríssimo)

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