Uma confusão no meio da praça. Três protagonistas: Uma mãe chorosa, um filho descontrolado e a SAMU. Sim, a SAMU. Dezenas de pessoas viveram hoje um episódio digno de novela das oito. A mãe, não suportando mais a rebeldia do garoto, chama a SAMU para levá-lo ao hospital psiquiátrico.
Na novela...
Uma cena parecida foi narrada, na segunda-feira, dia 14/04, na novela Caminhos das Indias, na Rede Globo (exibida às 20h). Tarso, representado pelo Bruno Gagliasso, apresentou alucinações e atacou pessoas com pedras. Em fase inicial de esquizofrenia, ele se vê ameaçado por vozes. Em instantes, aparece a SAMU e leva-o a um hospital psiquiátrico.
Na vida real...
Tal como a ficção, a cena na rua atraiu olhares curiosos. Porém, o que pareceu um ato de amor, tornou-se um gesto impensado. Em meio a discursões e diálogos travados, o que se via era um impasse religioso na relação familiar. Pelo fato da discordância entre opiniões, a mãe achou-se no direito de expôr o filho e ameaçá-lo. O cúmulo de realização da sua vontade.
A grande questão...
Porém, para não julgar os fatos de forma aleatório, quero apenas focar na parte mais interessante da questão. O chamado da SAMU.
A SAMU caracteriza-se pelo atendimento à emergências médicas. Um serviço oferecido pelo governo, com o intuito de agilizar os primeiros socorros pós-acidente. Pelo seu modelo de eficiência, foi adotado por vários estados.
Depois que a cena na novela surgiu, muitas pessoas começaram a questionar o serviço da SAMU. Eu, particularmente, nunca soube que a SAMU tinha o poder de internar deficientes mentais. Ir até o local e, até mesmo, usar de violência para controlar uma pessoa não era serviço para enfermeiros e médicos desse porte. Para todas as áreas da medicina, o que se sabe é que, precisa-se de treinamento adequado a cada especialidade. Tratar um doente mental como se trata uma vítima de atropelo é um tanto quanto preocupante para os envolvidos.
Porém, hoje vi algo que realmente assustou. O poder que colocaram nas mãos da sociedade para ditar se o indivíduo é ou não doente mental. E o pior: transferir para a SAMU responsabilidades com a manipulação.
Já pensou se isso vira moda? Se, por qualquer primeiro julgamento, rotulam as pessoas e denuncia-se a SAMU? Fora o tempo que eles levarão para se convencer de que o chamado de loucura é real (deixando de atender dezenas de pessoas), o que dará garantias de que é realmente necessário o internamento?
Sinceramente, há muito tempo novela deixou de ser ficção e, para que não seja copiada indevidamente, deveria se ter mais cuidado com o que se expõe... Do outro lado da tela há mentes bem mais criativas aproveitando brechas e conselhos novelísticos para agir inconsequentemente...
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