segunda-feira, 14 de setembro de 2009

WE ARE THE WORLD

Por muito tempo acreditou-se na teoria de “o que não podemos remediar, remediado está”. Víamos os avanços de nosso planeta, mas acreditávamos que isso seria passageiro, mais um ciclo da natureza que se copia. As degradações ambientais estavam além do que pudéssemos intervir e isso nos desmotivava a ponto de continuarmos a nos prejudicar e a prejudicar o mundo, mesmo que cegamente.

Aí vieram umas poucas pessoas e expuseram nosso destino de maneira gritante. Era como roteiros de filmes, onde o começo e o meio já não mais aconteciam, e o final era o que mais assustava. Mas, ao contrário da ficção, a gente está no meio do enredo, vivos, presentes, respirando cada mudança e projeção do mundo. E isso é real.

Prever que a Terra iria se destruir fugia de tudo cabível ao melhor do capitalismo. O ser humano, tão auto-suficiente, não imaginaria que o que mais os ajudava, o eco-sistema, estava por um fio. E, a revolução tecnológica e a necessidade de manter-se na sociedade como um ser consumidor, estavam levando, pouco a pouco, o mínimo de conforto necessário à vida no planeta.
"UMA VERDADE INCONVENIENTE"

Quando assistimos a um filme que nos traz um alerta a nossa realidade, temos dois caminhos para seguir: O primeiro é simplesmente fingir não existir, acreditando que, por si só, tudo mudará. O segundo é tentar modificar o que ainda pode ser modificado, criando linhas de raciocínio e atitudes que, por menores que sejam, conscientizarão às pessoas da sua importância no ambiente.

Quando optamos por agir, contribuímos para modificar o olhar das pessoas em volta, e isso vira uma enorme onda de comportamentos que segue por gerações. O egoísmo, ensinado por alguns seres humanos, passa a ser recriminado com boas ações e, ao mesmo tempo, mostra que não é apenas “moda” querer viver em um mundo melhor.
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Ninguém ouve os alertas?

1936 - Winston Churchill - “A era das procrastinações das meias-medidas, dos expedientes desconcertantes e suavizadores dos atrasos está chegando ao fim. No seu lugar vamos entrar num período de conseqüências”.

1987 - Gro Brundtland. Nosso futuro comum. - “Os cientistas chamaram a atenção para problemas urgentes e complexos ligados à própria sobrevivência do ser humano: um planeta em processo de aquecimento, ameaças à camada de ozônio, desastres que devoram terras de cultivo”.

1992 - Rio 92. Maurice Strong. - “ ...é nossa última oportunidade de rever os rumos planetários, sob pena de declínio da espécie humana”.

1992 - Serven Suzuki 12 anos. Eco 92. - “...para dizer que vocês, adultos, têm que mudar o seu modo de agir.... Estou aqui para falar em nome das gerações que estão por vir.....Todas estas coisas acontecem bem diante dos nossos olhos e, mesmo assim, continuamos agindo como se tivéssemos todo o tempo do mundo e todas as soluções. Sou apenas uma criança e não tenho as soluções mas quero que saibam que vocês também não as têm.... Sou apenas uma criança mas sei que todos nós pertencemos a uma sólida família de 5 bilhões de pessoas e ao todo somos 30 milhões de espécies compartilhando o mesmo ar, a mesma água e o mesmo solo. Nenhum governo, nenhuma fronteira poderá mudar esta realidade. Sou apenas uma criança mas sei que este problema atinge a todos nós e deveríamos agir como se fôssemos um único mundo rumo a um único objetivo.... Vocês estão decidindo em que tipo de mundo nós iremos crescer. Os pais devem ser capazes de confortar seus filhos, dizendo-lhes “tudo ficará bem, estamos fazendo o melhor que podemos“. Mas não acredito que possam nos dizer isso. Estamos sequer nas suas listas de prioridade? Meu pai sempre diz: “Você é aquilo que sempre faz, não aquilo que você diz “Bem, o que vocês fazem nos fazem chorar à noite. Vocês, adultos, nos dizem que vocês nos amam. Eu desafio vocês. Por favor, façam suas ações refletirem as suas palavras.”

1997 - Rio + 5. Maurice Strong. “...precisamos reinventar a civilização industrial”.
1997 - Mikhail Gorbachev sentenciava: “Precisamos de novo paradigma; a civilização atual chegou a seu fim, exauriu as suas possibilidades. Temos de chegar a um consenso sobre novos valores. Em 30 a 40 anos a Terra poderá viver sem nós.”

1997 - Kofi Annan voltou a advertir: “Se nós não colocarmos o clima sob controle, se não enfrentarmos os desafios do meio ambiente, todos os esforços que estamos fazendo serão inúteis.”

2002 - Rio + 10. Chirac. - “...é um apartheid mundial; nossos filhos e netos nos cobrarão: vocês sabiam e não fizeram nada. Não podemos dizer que não sabíamos! Fiquemos atentos para que o século XXI não se torne, para as gerações futuras, o século do crime da humanidade contra a vida”.

2002 - Washington Novaes. A Década do Impasse, da Rio-92 à Rio+10. - “Não temos instituições nem regras universais, capazes de mudar o quadro em termos planetários”.... “Ao mesmo tempo, deu para aprender que não é possível fazer de conta que a chamada problemática ambiental seja separada do econômico, do político, do social, do cultural. Todos os empreendimentos públicos e privados acontecem no concreto – no solo, na água, no ar que respiramos, entre os seres vivos – ou nele repercutem.....Teremos que rever tudo, repensar os padrões e a lógica do consumidor, reinventar nossos modos de viver. E para isso precisamos levar para o centro e o início de nossas políticas públicas e planejamentos privados as chamadas questões ambientais – que, é preciso repetir, são políticas, econômicas, sociais e culturais”.

2002 - Oded Grajew - “Se as pessoas tiverem a oportunidade de ver os números, os indicadores sociais, certamente vão ficar alarmadas. ... no que diz respeito aos níveis de pobreza e de devastação ambiental. Corremos o risco de ver a espécie humana extinta no período de apenas uma geração. As previsões são pessimistas no que diz respeito à água, terras agricultáveis, aquecimento global, conflitos, guerras e pobreza em larga escala... Se tudo continuar no rumo atual, tudo vai acontecer como previsto, ou seja, as coisas vão continuar a piorar...”.

2002 - Eco 92 - 1600 cientistas, entre os quais havia 102 detentores do Prêmio Nobel de 70 países, lançaram o documento “Apelo dos cientistas do mundo à humanidade”. Aí diziam: ”Os seres humanos e o mundo natural seguem uma trajetória de colisão. As atividades humanas desprezam violentamente e, às vezes, de forma irreversível o meio ambiente e os recursos vitais. Urge mudanças fundamentais se quisermos evitar a colisão que o atual rumo nos conduz”.

2003 - Serge Latouche - “Enfim, é preciso a fé inabalável dos economistas ortodoxos para pensar que a ciência do futuro resolverá todos os problemas, e que é concebível a substituição ilimitada da natureza pelo artifício”.

2003 - Manfred Max Neef - “A economia deve estar a serviço das pessoas e não o contrário. O desenvolvimento se refere às pessoas e não aos objetos. O crescimento é a mesma coisa que o desenvolvimento, mas esse não precisa necessariamente de crescimento. Nenhuma economia é possível à margem dos serviços que prestam os ecossistemas. A economia e um subsistema de um sistema maior e finito que é a biosfera e, portanto, o crescimento permanente é impossível. Nenhum processo ou interesse econômico, sob qualquer circunstância, pode passar por cima da reverência da vida.... Penso que precisamos reconhecer que somos parte de uma grande doença. Nunca houve na história um período em que tudo que fazemos fosse tão auto destrutivo. E isto é uma gigantesca patologia coletiva, e se nos dermos conta dela poderá ser o primeiro passo para alcançarmos uma cura adequada”.

2003 - Herman Daly para Carta Capital - “O discurso do crescimento serve para encobrir o fato de que nada se faz para distribuir a riqueza e realmente enfrentar o problema da pobreza no mundo”.

2004 - Stephen Pacala e Robert Socolow - “Humanity already possesses the fundamental scientific, technical, and industrial know-how to solve the carbon and climate problems”.

2006 - Al Gore. Uma Verdade Inconveniente. - “Precisamos de uma explosão na consciência das pessoas... É um fenômeno mundial. Cada um de nos é a causa do problema e cada um de nos é a solução do problema”.

2006 - Oded Grajew - “Não estamos diante de um problema de meios, mas de vontade política, social”.

2006 - James Lovelock. A Vingança de Gaia. - “O consumo desenfreado das populações ricas e a degradação ambiental associada ao crescimento das populações chamadas em via de desenvolvimento exigem mudanças ainda mais radicais nos modelos de vida, capazes de promover a desconstrução da ideologia e das práticas consumistas: proibição da obsolescência planejada, proibição do uso de certos materiais que não possam ser reciclados; generalização das práticas de reciclagem e reutilização; imposição de padrões de eficiência no uso de energia; combate às poluições do ar, da água e dos mares...É necessário então, sob qualquer cenário, sob qualquer sistema econômico, enfrentar as questões ambientais com modificações radicais do que a humanidade compreende como civilização.” “As tendências em curso apontam para uma multifacetada crise ecológica que escalará até atingir proporções catastróficas, crise para a qual a única saída é uma grande mudança sócio-econômico-política. Os problemas são reais, de muito difícil solução e seus impactos cada vez mais visíveis e traumáticos. Como outro modelo de desenvolvimento ecologicamente sustentável significa uma ruptura profunda com a lógica do mercado, hoje muito improvável (a crítica ecológica aponta claramente para a irracionalidade da sociedade capitalista, com o consumo supérfluo como ideal de felicidade), possivelmente a “pedagogia das catástrofes” produzirá um amplo debate de sociedade e alimentará opções políticas mais radicais”.

2007 - Relatórios IPCC - “O mundo vai acabar e não há nada a fazer” (em 1988, o IPCC divulgou seu primeiro relatório, basicamente com as mesmas advertências do último).

2007 - François Chesnais. L’irrationalité du capitalisme au coeur de la crise de civilisation planétaire. - “Qualquer um que começa a se interessar pelas questões da mudança climática e da destruição dos recursos do planeta, compreende muito rapidamente que não são apenas mudanças marginais que serão exigidas dos países avançados, no seu modo de vida cotidiano e na sua organização social, mas uma transformação copernicana. Toda a organização da vida social terá que ser repensada”.

2007 - Ricardo Young - “Estamos diante de uma mudança do padrão civilizatório, e isso não é fácil. Mas creio que significa um enorme desafio e também uma grande oportunidade”.
2007 - John Elkington - “Precisamos de novas espécies; é necessário criar um novo ecossistema”.

2007 - Oded Grajew - “O aquecimento global, a concentração crescente de renda e riqueza e o acirramento dos conflitos, frutos do atual modelo de globalização representam uma enorme ameaça para a humanidade e provam que um outro mundo, diferente do mundo de Davos, não só é possível, mas também urgentemente necessário”.

2007 - Fernando Almeida - “Devemos aceitar que a falência dos ecossistemas planetários é mais que a falência dos negócios; é a falência da vida”.

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