Sabe o que é engraçado? É algum dia imaginar que vivíamos em uma época sem celulares e que, quando precisávamos falar urgente com alguém, tínhamos que usar orelhões públicos e as benditas ligações a cobrar. Bom, as ligações a cobrar ainda existem (para meu desespero), mas inventaram o telefone móvel, ou celular, que facilita nossos contatos e diminui bastante as distâncias.
Estava, eu, vendo alguns aplicativos do meu mais novo celular bebê (ele nem tem um ano de vida, tadinhooo...) e resolvi postar aqui no meu espaço os meus antigos celulares. Não me perguntem para quê. Às vezes costumo relembrar coisas antigas e resolvo procurá-las, mesmo que estejam no baú de memórias.
Tudo começa na década de 90. Mas não sei a data. Sou horrível com números, em todos os sentidos. Meu primeiro celular foi dado pelo meu primeiro emprego. Lembro que já começava a ser febre aqui no Brasil, porém com o decreto de minha mãe que dizia: "só vai ter um quando puder pagar", estava distante de ser uma pessoa altamente comunicável. Para mim, que nunca recebi mesada, ter um celular era coisa de gente rica. Todavia, no meu primeiro emprego, pude ter emprestado o Nokia 5120, que era extremamente grande, pesado e largo. Tinha funções básicas em letreiro que se iluminava e um joguinho de cobrinha que eu amava. Passava horas no escritório jogando e jogando. Gostei tanto de ter um celular com joguinho que acabei comprando um igualzinho para mim. E ainda achei de colocar uma capinha que duplicava o tamanho dele, só para pôr na cintura.
Carregava dois Nokias para cima e para baixo, até pedir demissão do emprego. Meu Nokia passou a ser conhecido como "tijolão" com as novas tendências do mercado. Recebi uma proposta para trabalhar em um call center onde um dos produtos a ser vendido era o Siemens C55, da Oi. Como a minha operadora de telefonia móvel era a Vivo, e ainda nem sonhava existir a Portabilidade (que possibilita ao cliente de serviços de telefonia fixa e móvel manter o
número do telefone independentemente
da operadora do serviço a que esteja vinculado) eu tive que mudar meu número e meu aparelho, por conseguinte. Nessa época surgiu a facilidade de se ter linha telefônica de chip e pude manter meu novo número em diversos aparelhos.
Mas nem precisa dizer o quanto eu ameiiiii meu novo Siemens. Ele era menorzinho, redondinho e tinha um toque de chamada de gatinho miando. Eu descobri que haviam capinhas e que eu poderia personalizar o aparelho. Toda semana estava no camelô (acreditem!) comprando capinhas azuis, vermelhas e rosas. O povo do meu trabalho já me conhecia pela troca de capinhas de acordo com a minha roupa. Tinha umas 40 diferentes.
Com esse aparelho vieram alguns enfeites e piscas, que eu fazia questão de pendurar. Mesmo com o celular no silencioso, quando alguém ligava, o enfeite acendia uma luz piscante e eu já sabia. Caiu como uma luva para minha vida de call center.
Lembro também que cheguei a presentear minha mãe com o seu primeiro celular. Um Siemens A50, do qual ela tomou verdadeira antipatia, de início. As pessoas mais antigas tendem a rejeitar a nova tecnologia.
Em uma das promoções internas da empresa, arrebatei um Motorola C650 (que eu nem precisava, na verdade). Mas, como até ali só tinha lidado com celulares pré-pagos e o Motorola era um Oi Controle (conta, mas com limite) eu resolvi arriscar. Arrisquei tanto que, para minha falta de sorte, acabei sendo roubada em uma festa de Chiclete com Banana, mesmo sem ter acabado de pagar o aparelho. Aí descobri como dói fazer uma dívida longa e nem tirar proveito do produto.
O Motorola era um celular especial. Ele tinha uma câmera que me permitia fazer fotos de baixíssima qualidade. E os toques dele eram de remix, diferentes dos monofônicos do Nokia e polifônicos do Siemens. O visor já era colorido e o designer dele era prata. Bem chique!!! Lembro que tinha alguns muitos mais espaços na agenda (nada comprado a hoje, claro) e isso era um diferencial para mim.
Mas, o dono levou...
Meu próximo celular foi um Nokia 6101. Eu estava super empolgada porque ele era de flip, e quando eu atendia, me sentia uma atriz (que podre narrar isso aqui). Sempre quis ter um celular de flip e me achava abrindo e fechando ele. Totalmente perua!!!
Lembro como se fosse hoje, eu o tirando da caixa, cheirando a novinho, louca pra mexer e ver todas as funcionalidades. Acho que,devido a ter sido roubada, comecei a perceber que os ladrões agora estava optando por celulares ao invés de carteiras. E eu o guardava a sete chaves dentro de um compartimento secreto dentro da bolsa. Aliás, benditas bolsas com um milhão de bolsinhos dentro!!!
Nessa altura, já ansiava por querer ele com a minha cara. Fora os enfeites que piscavam e que mantive durante um longo tempo, ainda consegui comprar uma frontal rosa totalmente cheguei. Enfim, poderia respirar aliviada por abrir e fechar, abrir de novo e fechar um celular que combinasse com meu jeito menina de ser.
Levei esse celular comigo por anos. Lembro que fazia questão de comprar celular caro para manter por um tempo, já que celular estava ficando mais descartável que papel higiênico. Cada dia aparecia um celular novo, diferente, mais moderno e com design de moda. Quanto menor, melhor. Tinham celulares que cabiam na palma da mão e a pessoa se matava toda para conseguir digitar no teclado.
Ah, quase ia esquecendo de falar. Celular caiu no meu gosto por causa de uma coisa peculiar: mensagens. Quem não gosta de receber mensagens no celular? A pessoa fica toda ansiosa só de ouvir o toque da chegada. Pois é. Para mim, mensagens eram excepcionais (e ainda é). Passava horas digitando e esperando o cursor finalizar. E adorava a resposta.
Melhor que isso era personalizar. Personalizei as cores, personalizei os toques, personalizei as músicas, personalizei os comandos. Tudo tinha que ser exatamente do meu jeito, ou parecido.
Daí, começaram a surgir aparelhos com mp3. A gente podia baixar músicas reais de cantores, bandas que a gente curtia. Todavia, com limites! A memória dos aparelhos era muito limitada e todos os programas já vinham praticamente exigindo muito. Eu digo que os celulares foram seguindo as evoluções dos computadores. Tudo o que de novo se criava, já providenciavam colocar no telefone móvel.
Foi aí que conheci o mercado negro das importações. Nessa altura, meu celular deixou de ser uma novidade e apresentava problemas na recepção. Pesquisei, li, e acabei comprando um tal de Mp10. Consegui compreender que quanto maior era o Mp, mais funções o celular tinha. Colocaram uma câmera melhor, áudio melhor, e a capacidade era definida por memória em formato de chip. Importei da China um Vaic T800, com duas câmeras, tv de graça, touch screen (novidade na época) e possibilidade de até 2 números de celulares dentro do mesmo aparelho (Dual Chip).
Com o Vaic aprendi duas coisas: é ótimo ter músicas inteirinhas no meu celular e desconfie de produtos importados muito baratos.
Migrei para um Mp15 rosa, também importado. Uma imitação light de um I-pod. Ele era arredondado, fino, e tinha maior capacidade de armazenamento. Um fofo!!! Eu me apaixonei por ele desde o dia que ganhei. Claro que a câmera ainda era horrível, e a tv ora sintonizava, ora fazia greve. Mas o que mais gostava nele era a função wi-fi. Como meus celulares sempre foram pré-pagos, quando arriscava acessar a internet, meus créditos voavam. Com o wi-fi pude, enfim, trazer minhas páginas favoritas de internet para celular.
Atualmente, me contento por demais com o meu mais novo bebê, o Nokia N8. Ele tem memória para baixar vídeos, gravar horas e horas de programa, tem duas câmeras um pouco mais desenvolvidas, gps atualizado, e cada dia eles lançam mais aplicativos e programas que posso obter gratuitamente de onde estiver.
Mas, é claro, ainda continuo viciada nos joguinhos e nas capinhas coloridas...