terça-feira, 12 de junho de 2012

AMOR E LUZ (Rosana Hermann)

-----SEMANA DOS NAMORADOS-----

AMOR E LUZ

(Rosana Hermann)


Radical assim, sim. Você gosta do que você é. Você admira quem tem as qualidades que você também acha que tem ou gostaria de ter.


Você gosta do que lhe diz respeito, gosta das pessoas que têm seu sangue, das que você elege, das que não ameaçam você.

Você e o mundo são assim. Todos os seres humanos são assim, racionalmente. Na tv, concordamos com quem diz o que nós pensamos. No jornal, damos crédito a quem escreve o que nos representa. No fundo, nós só gostamos de nós mesmos.

Leio uma crítica do Ricardo Feltrin e adoro-a. Claro, ela reflete o que eu também penso, tenho que gostar. Dela, a crítica, dele, o crítico.


Cada ser humano se sente o centro do mundo, vê tudo sob sua ótica e só ama a si mesmo. Até sua falta de auto-estima prova que seu interesse é só um, ele próprio. Egoístas. Todos somos.


E aí vem o amor.

E dá uma rasteira no nosso ego imbecil.


O amor.


Que subitamente faz com que a gente ame alguma coisa, alguém, que é um não-eu. Não é a mamãe, nem o papai, vovó, titio, filhinho. É outra pessoa. De outra família, outro lugar, que tem outra história. Muitas vezes, é até de outro sexo.

E amamos esta pessoa sem saber como ou por quê.


Porque o amor não é verbo que a gente conjuga na primeira pessoa de forma racional, amor é verbo que faz da gente objeto.


O amor acontece.


E só quem aprende, entende, exercita o amor sabe que sua potência, sua imensidão.


Quem nunca amou, pode achar que sabe mas não sabe.

Amor é único, não parece com nada.


O que mais se parece com amor deve ser chocolate. Ou queijo. Quando a gente tem vontade de comer chocolate não serve mais nada. Só chocolate mesmo. Queijo é assim também. É uma coisa em si.


No fundo, todo mundo que vive em desamor, de forma pontual ou em longas doses ao longo dos anos, vai ficando amargo. Depois azedo. Depois, podre.


As pessoas ruins, ácidas, infelizes, que não sentem prazer, vivem anestesiadas. São sempre as mais ranzinzas, as mais chatas, as que alfinetam, as que ferroam sem parar. Não são rompantes normais da ira, é um azedume que contamina tudo, uma humidade triste de quem vive sem luz, onde o bolor diário da inveja cresce.


É triste, isto. Gente que vive embolorada por dentro, por falta de amor e sol.


Lamento por todas elas.
Porque se elas se lançassem ao amor, mudariam num instante.


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