domingo, 31 de maio de 2009

LIVRO A CABANA

"A terra repleta do céu,
E cada arbusto comum incendiado com Deus,
Mas só aquele que vê tira os sapatos;
Os outros se sentam ao redor e colhem amoras."
(Elizabeth Barrett Browning)


Sabe quando vc tem a oportunidade de ler algo que consegue transpassar todo o conceito criado por toda a sua vida de limitações? Sabe quando, de repente, parece que vamos explodir com tantas idéias pós-concebidas de algo que, em geral, não seria atrativo o suficiente?

Pois foi assim que me senti ao ler A Cabana. É como se tudo que soubesse, na verdade, fosse, a forma medíocre de encarar a fé.

Logo quando meu amigo Kerleandro me indicou esse livro, confesso não ter dado o ibope necessário a obra. Ler algo que falava sobre um assassinato não era bem o que procurava dois meses depois do falecimento de minha avó (mesmo que ele estivesse me recomendado como excelente para superações de perda). Aí, como costumo babar diante de lojas de livros a procura de mais um pra minha coleção, vi que esse livro já tinha um alcance considerado de leitores do The New York Times (mesmo sendo de editora pequena). Resolvi confiar no gosto da maioria (em se tratando de livros, nunca me decepcionei com os comprados que levavam a tarja de milhões de pessoas que leram).

Demorei um pouco para finalizá-lo, confesso. Mas é que demorei mais por deduzir algumas passagens do texto. É que, como citei acima, o texto traz uma negação de tudo o que nos ensinaram até hoje. Me vi revendo conceitos, questionando o poder da fé, brincando de conversar com Deus como se ele fosse humano que nem nós. E, para o livro, se referir a Deus como pessoa é um dom, porque nos dá a intimidade que a igreja, o respeito simulado e as leis quebraram por conveniência.

Hoje, detenho de grande aproximação com Deus. E, não só por causa de um livro que leio, mas por conseguir enxergar outros significados para as palavras amor, bondade e compreensão.

Obs: Aproveito o ensejo, aqui, e lanço minha última conversinha com Ele: "Deus, obrigada por todas as imperfeições que me deu. Agradeço, todos os dias, por tentar mais um conserto. E valeu mesmo por me fazer tão feliz. Sei que ouve meus pedidos!!!"



Extraídos do Livro, para pensar:

"Os relacionamentos não têm nada a ver com o poder. Nunca! E um modo de evitar a vontade de exercer poder é escolher se limitar e servir. Os humanos costumam fazer isso quando cuidam dos enfermos, quando servem os idosos, quando se relacionam com os pobres, quando amam os muito velhos e os muito novos, ou até mesmo quando se importam com aqueles que assumiram uma posição de poder sobre eles."(pág. 97)

"É uma imagem da minha noiva, a Igreja: indivíduos que juntos formam uma cidade espiritual com um rio vivo fluindo no meio e nas duas margens árvores crescendo com frutos que curam as feridas e os sofrimentos das nações. Essa cidade está sempre sempre aberta e cada portão que dá acesso a ela é feito de uma única pérola... (...) A única pedra preciosa feita de dor, sofrimento e, finalmente, morte."(pág. 164)

"Na verdade, não há muito o que entender. As emoções simplesmente são. Nem boas nem ruins, apenas existem. (...)A maioria das emoções são reações àquilo que você percebe: o que acha verdadeiro numa determinada situação. Se sua percepção for falsa, sua reação emocional também será falsa. Então, verifique suas percepções e além disso verifique a verdade de seus paradigmas, dos seus padrões, daquilo que você acredita. Só porque você acredita firmemente em uma coisa não significa que ela seja verdadeira. Disponha-se a reexaminar aquilo que você acredita." (pág 183)

"Seguiu pelo caminho que se abriu à sua frente até chegar ao centro- o centro de toda a Criação, o homem que é Deus e o Deus que é homem. Luz e cor dançavam e teciam uma tapeçaria de amor para ele pisar. Alguns choravam, dizendo palavras de amor, enquanto outros simplesmente permaneciam de mãos levantadas. Muitos daqueles cujas cores eram mais ricas e profundas estavam deitados com o rosto no chão. Tudo que respirava cantava uma canção de amor e agradecimento sem fim. Nessa noite o universo era como devia ser." (pág 201)


"Respire em mim... fundo,
Para que eu respire... e viva.
E me abrace apertado para eu dormir
Suavemente segura por tudo que você dá.

Venha me beijar, vento, e tire meu fôlego
Até que você e eu sejamos um só,
E dançaremos entre os túmulos
Até que toda a morte se vá.

E ninguém sabe que existimos
Nos braços um do outro,
A não ser Aquele que soprou o hálito
Que me esconde livre do mal.

Venha me beijar, vento, e tire meu fôlego
Até que você e eu sejamos um só,
E dançaremos entre os túmulos
Até que toda a morte se vá."(pág. 216)


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