terça-feira, 18 de janeiro de 2011

VAI COM DEUS, MINHA AMIGA

Flanny era uma gatinha muito saudável. Desde pequena só dava trabalho pra tomar vacina. Sempre fora bem-criada e bem-educada por mim.

Ia para as consultas normalmente e tomava banho uma vez por mês na pet. Em casa, eu penteava seu longo e amarelo pêlo até ele ficar lisinho.

Faz quinze dias que Flanny amanheceu indisposta. Não queria comer, nem beber nada. Levamo-na em uma clínica veterinária, onde a médica sugeriu internamento urgente. A gatinha apresentava-se abaixo do peso, e com forte anemia. Tinha suspeita de Insuficiência Renal e precisaria de uma transfusão de sangue urgente. Corri para procurar um banco de sangue aqui em Salvador e descobri que só havia um, e que este não teria sangue para felinos. Por sorte, consegui alguns doadores, mas fui informada que o sangue de Flanny teria que ser doado por um gato persa, e que as doações estavam dando incompatibilidade. Me desesperei. Imaginar Flanny internada e doente me deixou sem dormir a noite. No segundo dia de internação a médica informou que o exame havia dado realmente Insuficiência Renal Crônica, e que Flanny precisava mesmo do sangue, ou iria morrer. Concordamos em fazer a transfusão. Vim pra casa e pesquisei sobre o assunto. Para minha surpresa, a IR é comum em gatos persas e é genético.Pais que têm passam para os filhotes em 100% dos casos. Feita a transfusão, aguardamos os resultados, que tendiam a ser melhores nos outros três dias de observação. Fiquei esperançosa.

Buscamos Flanny bem mais animada e disposta. Conseguia vê-la feliz por sair da clínica e voltar pra casa. Trouxemos, com ela, uma bateria de remédios e orientações. Por ser uma doença agressiva, teríamos que esperar de tudo. Mas eu não me preparei para o pior...

Na manhã seguinte (dia 18.01.10), acordei e fui logo procurar minha gatinha. Avistei ela no canto da cortina, deitada. Quando me viu soltou um miado bem forte, mas nem sequer levantou a cabeça. Soube, ali, que ela estava se despedindo de mim. Deitei ao seu lado e alisei sua barriga, vendo sua respiração; Quis falar de todos os momentos que ela me fez feliz, de tudo o que ela me ensinou nos seus doze anos de vida. E agradeci por ela ter sido a minha melhor amiga. Ela respirou fundo e seu coração parou de bater. Sua vida acabou na minha frente, calma, serena, do mesmo jeito que ela sempre foi pra mim.

Agradeci a Deus por não vê-la sofrer mais. Não é justo a quem me deu tantos sorrisos...

Para sempre irei guardar a sua presença quando ela vinha deitar na minha cama, ou quando se alimentava de leite na ponta do meu dedo, ou quando tremia e me fazia carregá-la. Guardarei seus miados quando capturava a bola de meia ou quando deitava seu rabo peludo em meu nariz para me acordar. Ou quando dava as costas e me deixava falando sozinha, ou vinha e se aconchegava no meu colo por carinho.

Minha amiga se foi...Minha amiga.


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